3.11.08

_prosa da vida, poesia do sofrer

A sinceridade de um olhar
O desfecho de um soco
Como prever o inevitável?
Quem pode parar?
Um cão levado ao seu extremo
Motivos não lhe faltam para rosnar
Ouriçam os pelos
Enrijecem os músculos
Quem irá julgá-lo pelos seus feitos?
Assim, também, reage um apaixonado
Que anseia pelo beijo do cônjuge amado
Com o coração cheio e a cabeça oca
Olho por olho, boca por boca

Sou um pecador e provoco o horror
Não posso esconder ou negar meu amor
Assim vive uma carcaça cheia de dor

Algum dia alguém a de entender
O desejo de sucumbir, libertar-me do sofrer
O consumo da mente, destruição do corpo
Esquecido e rejeitado, dado como morto
Céu ou inferno? E precisa responder?
Eu renuncio aos dois, sem pensar
Já tenho muitos problemas para enfrentar
Não quero outra vida após eu morrer
Deus me deu a vida e o diabo a minha sorte
Falta-me uma alma e a habilidade de sonhar
Diferente de você, eu não sou tão forte
Tenha piedade e me ensine a amar

Se dentro de minha cova eu não estiver
É porque estou a lhe aguardar
Uma vez fui feliz
Uma vez eu soube sorrir
Uma vez e eu ainda não vivi



[dedicado a alguém que tem http://algo-a-declarar.blogspot.com/ ]

Um comentário:

Bruna Escaleira disse...

vez em sempre, quando d'um depois
alguém aperece com versos ardidos
ardido é sentir cócegas na boca
é olhar o céu sem precisar de pois
é ter mais que 'algo a declarar'

good luck nessa;)