Ele estava bem alí sentado, olhando a professora riscando a lousa. A classe estava em silêncio, todos prestavam atenção e anotavam as palavras rabiscadas. Ele ergue o braço e aguarda a atenção da professora.
- Pode falar, Pedro. O que quer?
- Professora, eu estou confuso.
- Diga-me. Qual o motivo de sua confusão?
- Não sei bem se deveria perguntar tal coisa.
- Então porque ergueu sua mão em primeiro lugar?
- Eu pensei em arriscar e... Talvez seja melhor calar-me.
- Não seja bobo, garoto. Do que tem medo?
- Posso até falar, mas temos que fazer um acordo.
- Que tipo de acordo, Pedro?
- A senhora não pode ficar nervosa em nenhum momento. Não pode gritar, nem...
- Porque não fala de uma vez, Pedro?
- Tá certo. Eu queria entender porque devemos nos sentar nos mesmos lugares todos os dias e não nos comunicarmos uns com os outros. Somos expostos a provas contendo tudo aquilo que você nos ensina, mas como podemos saber se o que ensina é a verdade e se a sua verdade está certa? A única fonte de conhecimento que nos é dada é uma professora que diz ter todo o conhecimento e seus livros. E mesmo que você fale a verdade, tudo que aprendemos é a competirmos uns contra os outros a todo momento. Seja na sala de aula ou nas quadras de educação física. Estamos sempre sendo forçados a nutrir ódio e rivalidade que a escola força goela abaixo, em nós. Não vejo como uma instituição como essa, que deveria ser o exemplo para todos os alunos e até para a sociedade, possa ensinar algo de verdade para nós. Somos criados com informações manipuladas por um conselho de professores, coordenadores e reitores. Talvez tudo isso não passe de um erro.
Todos boquiabertos com as palavras dele. As veias da professora saltam e pulsam, seu rosto vermelho e a respiração ofegante.
- Cale-se, Pedro. Sente-se no seu lugar e faça um favor para toda a sala... Fique calado! Está bem?
Ele se assusta e nada pode fazer, apenas obedecer. Ele se senta. A aula continua.
- Bom, agora que a sala está em silêncio... Vamos continuar com a aula sobre as revoluções através da história. Certo classe?
Muitos Pedros nasceram, foram matriculados, tiraram seus diplomas e morreram como homens comuns e desconhecidos. Todos estudaram com professores que respondiam com perguntas e sempre aumentavam suas duvidas. Assim como eu e você.
2 comentários:
Diria mais acho que o autor do texto passa-se por professora tbm, pois os leitores sao direcionados a uma interpretacao...
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