22.4.09

_marip(r)osear

de noite eu vôo até sua janela
só para ver você se trocando
nem reparou que estou observando
enquanto você está a se despir

sente um frio na espinha
busca pelos olhos que a fitam
quase percebe a minha presença
mas não quero ser visto (ainda)

não consigo mentir para você
por isso não me camuflo nas flores
guardo comigo teus segredos
e sempre compartilhei suas dores

não sou belo como as borboletas
nem trago sorte como as joaninhas
mas teus olhos finalmente me olham
e o despido agora sou eu

abre a janela e me coloca pra dentro
acaricia minhas antenas e sorri para mim
tenho cara de bronco e feições diabólicas
e teima em chamá-las de charmosas

me repousa sobre o travesseiro
e deita ao meu lado, nua
sei que sente-se mais segura
quando observo você dormir

mariposas são assim, distantes
com cores opacas e jeito de duronas
mas basta alguém especial parecer
e nos tornamos amigas protetoras

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