19.2.09

_mate-me, por favor

abracei a escuridão que me rodeia
transformei-a em minha própria essência
por não compreender, fiz de meu amor um deus
seguindo cegamente a todas suas ordens
iniciei uma caminhada para o precipício
larguei tudo que tinha em queda livre
matei todos os meus outros sentimentos
e desesperei-me com meus pesadelos
tornei-me o senhorio de um "eu" decadente
a perda eterna e desenfreada da alegria
fez com que o mundo repelisse minha existência
isolei-me na parte mais obscura de meus desejos
cultivei flores para enfeitar o meu funeral
são rosas, que trazem o contraste em questão
cheiram a morte, me lembram da dor
buscando a paz eterna, me machuco ainda mais
todas lembranças de sorrisos me incomodam
e transformam-se em lágrimas nos meus olhos
estas, por sua vez, trazem vida para o mundo
e me fazem sofrer e chorar ainda mais
entendam que eu não quero mais tentar!
entrego minha essência nas mãos do mundo
façam como quiserem, façam o que quiserem
não sou mais eu o mediador do meu destino
venham contra mim! destruam-me!
tenham a decência de fazer aquilo que eu não consigo
ouçam a minha voz, o meu clamor!
só espero um dia poder dar o último suspiro
sentir todo respingo de vida escorrer para fora de mim
e vivenciar a minha não-existência em paz, sem dor,
sem mim...

Um comentário:

Bruna Escaleira disse...

ah, esse ódio de paixão!
esse desespero de viver
que coisa..

se não te conhecesse, diria que passou horas em lamentos para escrever isso

mas você diz que "cansou de tentar"..
quando acabou de começar
porque "tentar" só dá certo quando não se "tenta"