1.2.09

_(des)encontrando minha alma

minha alma se refugia em alto mar
para que suas lágrimas caiam desapercebidas
sem poder ver através da espessa camada de neblina
ela se perde no caminho até sua decadente morada
buscando por um horizonte, um caminho a seguir
seu esforço começa a pesar sobre seu senso de esperança
mergulhada em meio as águas salgadas do oceano
não se sabe quantas são lágrimas suas ou de outrem
existência infinita confinada em uma ampulheta finalística
as ondas se acalmam por um instante, algo novo aconteceu
o eterno azul sente o sabor de ferrugem, concentrado, grosso
sangue? uma alma está a sangrar em pleno alto mar
perversidade contra a vida, afronta ao próprio deus
eu sinto a dor dela, sinto a abertura d'um corte profundo
sou eu!? sou eu quem está sangrando!
mas onde está a minha alma? eu a vi sofrendo sobre aquelas águas
não adianta, minhas vestimentas e meus pés estão ensopados
sou eu quem sofre durante todos esses anos
eu que preenchi o vazio dentro desta pocilga inundada
desencontrei a minha alma, mas encontrei a minha dor
lutar não é alternativa, muito menos uma opção
deixo o ar sair sem tentar lutar, faltam-me forças e vontade
deixei-me levar pelo comodismo de uma imaginação fértil
não sou descarado para tentar fazer de tudo um grande caso, não mais
só me arrependo por uma coisa, um algo que irá comigo para a cova:
ter causado um aborto espontâneo do fruto d'um conto de fadas.

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