18.1.09

_imperfeitas perfeições

Nasci todo torto... Tenho um olho maior que o outro e as sobrancelhas não param quietas. Meu nariz parece um campo minado de cravos com formato de batata cutucada, melhor que minhas bochechas voluptuosas e desnecessárias. Pra completar o meu queixo é pequeno e arredondado, fazendo do meu papo um belo pedaço de banha despencando do pescoço. Meus ombros não são tão largos, mas meus braços são muito compridos. Quando aceno para os amigos, revelo a delicada camada de excesso que escondo próximo as minhas axilas. Minhas mãos são maiores do que meus braços podem suportar, além de manter as unhas roídas religiosamente. Meu peitoral não é malhado e tão pouco "pelado". Minha barriga lembra o resultado inevitável de 50 Oktoberfests com algumas pequenas variações glutônicas. A bunda mais me parece uma fábrica de bosta, a qual serve para acompanhar a figura arredondada das minhas coxas - uma vez malhadas. Pernas, talvez tortas, provavelmente descoordenadas e assimétricas. Meus joelhos me enganam, mal posso correr uma milha. Os pés são grandes como o de gigantes, ajudando na óbvia falta de um designer na hora em que fui criado. E como uma pitada de desgraça, sou coberto por manchas, as tais pintas, pelo corpo inteiro...
Ah, mas como eu sou feliz...
Claro!
Pois se não fossem todas as minhas imperfeições, eu não seria assim... perfeito!

Um comentário:

Bruna Escaleira disse...

corpos em si são bem sem graça, se parar pra reparar
estão resignados à graça dos trejeitos de quem os habita
um tropeço daqui, um molejo de lá, um sorriso de lado
e aí sim se pode dizer algo sobre eles
pode-se até ficar com vontade de dizer algo pra eles,
quem sabe?