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9.11.09

_ dente-de-leão

eu quis plantar uma semente
de dente-de-leão
eu busquei na minha mente
essa foi minha decisão

tudo que eu quero
é uma semente de dente-de-leão
no solo eu enterro
pra ver a planta em evolução

dente-de-leão
onde você está?
de toda minha infância
onde foi parar?

talvez tenham o levado
para nunca mais se ver
em todo Brasil, nenhuma Estado
sal no chão pra nunca mais crescer

dente-de-leão
onde foi parar?
de todos os sopros
onde você está?

nunca é demais pedir pouco
só queria me embriagar na emoção
podem me chamar de louco
eu só quero mesmo um dente-de-leão

6.11.09

_ sonho de formiga

era só uma formiga
que queria voar
desde que era verme
não nascera para trabalhar

mas havia seus pais
com sonhos pré-moldados
e a formiga chorava

ela tentava e tentava
só que nunca voava

enquanto se afogava
nas mágoas desaladas
o formigueiro não parava

era só uma formiga
que sabia sonhar
até o dia de sua morte
soube que nascera para voar

3.11.09

_ devoção é algo que brota

quero realizar meus sonhos
tornar-me quem sempre quis ser
burlar os obstáculos enfadonhos
enxergar o que sempre quis ver

mas preciso me aplicar
e a preguiça não anda só
tantos perigos apenas no amar
a água bate no meu gogó

não pago, mas não nego que devo
não sou louco, mas não sou são
tenho que desenrolar esse enredo
e fazer brotar essa devoção

preciso me apaixonar pelos desejos
todos aqueles que guardo em mim
sem encasquetar com os exageros
e brincar de ir e vir, fui e vim

se não fosse cético seria fácil
conquistar o destino que me profetizei
porém não seria mais tão hábil
com a vida que já me acostumei

29.10.09

_ quero ser Jose Saramago

para poder desconsagrar
o cristo e seus milagres
sem tirar a sua bondade
d'um ser humano qualquer

envelhecer de cara feia
resmungar como um velho
e ser chamado romancista,
dramturgo, poeta e contista

nosso signo já é o mesmo,
mas isso pouco nos importa
somos descrentres sem alma
do fundo de nossos corações

espero, sem ter que esperar
viajar nas costas d'um elefante
em busca da terra do pecado
no ano da morte de ricardo reis

e é assim que termino isto
este ensaio sobre a minha lucidez
escapando das intermitências da morte
e ser Saramago, um dia, se tiver sorte

24.9.09

_ Chico Bento

ei, Chico
filho de Francisco
me diz o que vai fazer

será que a roça
tem algo de novo
pra nos oferecer?

acorda muito cedo
menino da enchada
com seu chapéu de palha

luta pela mata
pela felicidade da fauna
é exemplo a se seguir

ei, Bento
cria bem o teu rebento
me diz como ser como você

30.7.09

_ minha mente

minha mente não tem barreiras,
ela pensa em elefantes enquanto falo de girafas;

minha mente não tem limites,
ela funciona sem nem mesmo precisar pensar;

minha mente não tem algo a mais,
ela pensa como todos, mas de maneira diferente;

minha mente não inventa,
ela me revela mundos e pessoas que só ela conhece;

minha mente não tem sentido,
ela ruma por todos os caminhos,
mesmo aqueles que nem ainda existem;

por fim,
minha mente não tem mente,
afinal já basta eu para pensar

24.4.09

_doce ilusão verde

a fada verde me contou um segredo
raspou os sonhos da superfície do meu cérebro
andou nas estradas da floresta em que enveredo
e mergulhou em mim, garganta a dentro

era um dia de chuva forte e céu cinzento
tão belo quanto outro dia ensolarado qualquer,
afinal ambos existem cada um como é,
escreveria algo se desta não fosse isento

não estava mais lá, o grande carvalho poderoso
fora derrubado pela tempestade dos pensamentos
apenas os juncos sobreviveram ao alagamento
por enfrentar o vento provou-se demasiado orgulhoso

sumiriam os grandes pensamentos que tenho?
largaram suspiros imaginativos para me alimentar
tornaram-me desprovido de qualquer entendimento
do qual preciso desesperadamente me alimentar

não poderia estar mais enganado sobre tudo
buscando uma saída rápida queimei toda floresta
e lá estão os juncos, são tudo o que me resta
moradores diminutos do cume do morro pontiagudo

a pequenina verde e voadora bate as suas asas,
visualização explicativa do efeito borboleta,
batalhei contra a ventania ao invés de me curvar
minha imagem ficou turva como todo o planeta

morri e nunca mais voltarei a morrer ou ser visto
ainda estão lá os juncos, olhando fixadamente para mim
permanecem inteiros e salvos por sua astúcia
mas logo perecerão por serem frutos da minha imaginação

11.11.08

_se todos se importassem

Ninguém choraria
Se todos se importassem
Ninguém mentiria
Se todos amassem

Mesmo assim estou vivo
Caminhando pelo mundo
Sob o julgo do homem
Sobre o fogo do destino

Observando o que me faz chorar
A fome, a peste, a guerra
A morte seria o quarto cavaleiro
Mas talvez ela seja a única saída

Penso se pensam como eu
Penso se enxergam como eu
Peço que pensem como eu
Peço que enxerguem como eu

Se eu sofro, você sofre
Se alguém morre, eu morro
Quando a lágrima cai de um rosto
Meu coração está morto

Quero acordar e ver o sorriso
O barulho de crianças rindo
A alegria de viver
O amor de todos vocês

Se meus sonhos morressem
Você se importaria?
Se todos se importassem
Ninguém morreria