13.4.10

_ Reclamação

Como tem gente que gosta de reclamar. Não me entenda mal, pois acredito na reclamação como a atitude precursora das mudanças, do início do pensamento livre. Mas tem gente que gosta de reclamar sem motivo, razão ou circunstância. Hora passa e sempre tem um sujeito no pé do seu ouvido reclamando sem parar, informando-lhe de como a vida dele é dura e o quanto ele precisou - e ainda precisa - lutar para chegar onde chegou. A minha inocência filosófica começa neste ponto, afinal quem luta demais para chegar em algum lugar onde tudo que consegue tirar de proveito é a reclamação, não deve ter dado tanto duro assim. Mas somos todos seres de bom coração e abertos a novas experiências que possam testar a nossa paciência tão falha, de fato. A língua de um reclamão é áspera e longa. Nem sempre alongada de dentro para fora, mas definitivamente a metragem interna da mesma deve ser grande o suficiente para que a língua nasça bem próximo do cólon, explicando assim a sua aspereza - e odor. Os reclamões agem de forma muito parecida, por mais que suas vidas e histórias sejam extremamente diferentes. A principal, sem dúvida, é que quanto mais eles falam, mais eles tem pra falar. Outra é a total certeza das coisas que fala, como se possuísse, de alguma forma, um conhecimento que vai além da naturalidade de uma criança, ou da longevidade cultural de um senhor de idade. Apenas a vontade de contar detalhes pessoais e desnecessários para qualquer ser alheio a sua própria vida já é, nitidamente, um meio de chamar a atenção para si. E é seguindo esse pensamento - reclamão de minha parte - que devemos entender as pessoas que reclamam demais em dois grupos extremamente separados: Aqueles que querem melhorias e aqueles que querem melhorar.