25.9.09

_ isso é Brasil, minha gente

O brasileiro é o povo mais comentado de todo o mundo, tratando-o de maneira internacional, é claro. Afinal, onde o brasileiro menos importa é aqui no Brasil. Vejamos os politicos que mais viajam do que tentam cumprir as suas promessas tão belas e mirabolantes feitas a tanto tempo - aparentemente esquecido - , deixando todos para trás. Mas o povo brasileiro é realmente tão belo assim? Não seria essa mania de dizer que o brasileiro é bondoso e receptivo uma mania utópicamente incorreta?
Sei que muitos vão discordar e dizer que não tem nada mais belo que o Brasil, mas com isso eu concordo. O que eu não consigo engolir com facilidade é a máscara que criaram em cima de um povo que deveria ser considerado perigoso, afinal fomos nós - ou, no máximo, nossos antepassados - que destruimos nossas florestas, que queimamos índios na praça, que matamos uns aos outros por valores menores a cinquenta reais e continuamos votando nos mesmos ladrões que ficam no senado. E só para lembrar: também são brasileiros.
Hoje mesmo tive alguns exemplos ótimos de como o brasileiro pode ser insuportável. Essa tarde, enquanto não passava nada na programação da TV aberta como é de costume, o interfone tocou e eu estranhei, afinal não havia pedido nada e não aguardava ninguém. Levantei-me e ao atender fiquei abismado com o pedido que o zelador veio me fazer. Depois de certificar-se de que era eu mesmo o morador com quem ele queria falar, me perguntou do que se tratavam as bandeiras coloridas que tenho pendurada na minha varanda. Sem pensar em nada disse que eram expressões da minha religião (na verdade , filosofia) e nisso a resposta dele foi simples: 'o senhor não pode pendurar coisas assim na sacada, dentro de casa pode, mas alí não'. Sim, eu fiquei revoltado pela repressão religiosa e ideológica que reside aqui neste prédio junto comigo, porém achei que seria desnecessário me revoltar com um funcionário que só estava seguindo ordens de um superior. Pior foi ao olhar para a TV e ver um grupo de funkeiras rebolando na televisão, com roupas curtinhas às quatro horas da tarde. Nada contra a expressão musical e de dança que é o funk, mas não pude deixar de pensar na hipocrisia que estava pairando no ar.
Me acalmei e resolvi retirar as bandeiras, mas é óbvio que ainda vou reaver os meus direitos como cidadão, mas isso já é outra história. Agora a pouco recebi uma ligação de uma agência bancária avisando que o meu financiamento foi aceito e o carnê chegaria em até dez dias. Acreditando que era tudo me despedi educadamente da moça, mas antes que pudesse desligar ela começa a falar sem parar. Era promoção disso, promoção daquilo, prêmio aqui e acolá. Com a mesma educação eu disse que não me intressava, mas de nada adiantou. A mulher desenfreou a lingua e não parava de tentar, frustradamente, enfiar a idéia guela a baixo em mim. Estressei-me, com toda a razão. Pedi para ela pegar o prêmio para ela se fosse assim tão bom e que me deixasse em paz, afinal o que tinhamos que conversar já fora conversado.
Bom, isso é só um exemplo do que acontece na vida de todo brasileiro e brasileira. Mas nem por ter sido a vítima hoje, me livro de vitimar alguém amanhã. Afinal está nos nossos genes destruir tudo o que temos pelo simples fato de querer mais atenção, mais dinheiro ou mais oportunidades que o vizinho tem.

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